segunda-feira, 29 de dezembro de 2008


Esta noite,
me agarrei tão forte à minha cama,
precisava muito voltar,
pra algo que não sei o que é,
talvez meu mais essencial estado primário,
onde as músicas chegavam a me alcançar,
e as histórias me eram suficientes pra divertir
e hoje não consigo,
tem algo lá atrás a ser desvendado...

domingo, 28 de dezembro de 2008

Mundo casca de ovo,
quanto mais quero ser leve,
mais o destruo,
calcifico,
tento dizer palavras sutis,
que em vez de protegê-lo
furam sua casca,
quero ser galante,
mas quebro.
Será que quanto mais o seguro,
mais danifico?

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Pelo menos vou fazer bonito =)

Quem,
afinal,
destas várias nuances,
multifacetadas em si,
que acabam e começam em mim,
que dependendo da luz,
fazem a sombra no meu rosto,
e me tornam beduíno,
ou com a falta da mesma me tornam espectro,
sou eu?
Será que me crio,
ou luto pra mudar o que está criado,
numa rebeldia intermitente,
quando raspo meu cabelo,
cresço minha barba,
entono formas diferentes,
grito,
e sussurro,
ora mouro ora Iago,
monto meu melhor outfit,
queimo meus neurônios,
solto feronômios,
me torno sexy,
olho no espelho e volto à ser feio,
porque faço caretas,
e forço minhas rugas?
Os outros,
me bastam como são,
quero os mesmos mimos
os mesmos risos,
de suas presenças de espírito me satisfaço,
mas de mim me canso fácil,
tenho que recauchutar,
refresh,
reciclar,
dar um reboot,
mas este não sou sempre eu?
Ou será que sou,
a famosa metamorfose,
ambulante, é claro,
e tudo isto que identifico como eu,
é puro bullshit,
não de maneira pejorativa,
e sim pela efemeridade,
que eu sei que sou,
pela fugacidade,
dos prazeres,
e das dores que tenho?
Não sei, e não quero saber,
na verdade,
pois como já se disse,
definir-se é limitar-se,
e eu não quero limites,
quero expansão,
de tempo e de espaço,
do meu corpo,
da minha mente,
em todos os sentidos e direções,
e de preferência num belo jeans Dolce&Gabbana...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

to Paziam

Através de meus olhos molhados,
tento o foco e mantenho contato,
em sutil conexão concentrada numa linha reta,
que se expande para os lados e toma o ambiente,
hipnotizado,
pelos olhos de vidro de um poeta da imagem,
pela luz indireta que reflete em mim e na lente,
e meus músculos soltando e contorcendo,
procurando meu melhor ângulo ou pior,
porém que me expresse,
nem que seja a tensão em me mostrar,
tensão esta que eu gosto,
e quando vejo já estou ludibriado,
sendo então recriado,
nas pinceladas do pintor da imagem,
que me faz ruivo, hard, turvo,
empostado, sexy, nulo,
donde surgem vários eus,
e eu começo a amar a expansão,
dos vários olhos que se multiplicam,
braços, e peito, e bocas que se multiplicam,
e me sinto saciado,
porém excitado pra mais,
dos oitocentos e cinquenta cliques,
intrigado com os resultados,
deliciado com uma nova sintonia de cumplicidade,
da visão da alma de um artista.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Eu tô cansado, na verdade,
desesperado,
tudo já se tem, já se fez,
criado,
mal e bem criado, do avesso também,
eu quero fazer mas alguém já fez,
melhor, pior, igual,
não que me tire o prazer de fazer,
mas cadê a originalidade,
a sensação de ter descoberto a múmia,
ou transformado lata em ouro?
Todos os beats já escutei,
com eles já rebolei, já gozei, já chorei.
O que resta?
Do azedo, amargo, e do doce já provei,
muito salgado e insosso,
que desmancha na boca ou quebra-queixo,
até comida espumante já tem,
o que resta?
Até minhas dores todo mundo têm,
se estou tonto você também,
dor no peito e de pé na bunda também.
Já fiz a linha caseiro,
baladeiro,
culto,
deprimido,
putanheiro,
punheteiro,
menos pagodeiro,
que mais que tem?
Não acredito em vida após a morte,
com este papo de vou virar energia de um todo nem vem!
Mas se assim for,
todo mundo não vai ser também?!
Porra...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

sobre a conchinha

...sobre virar o braço na cama e não alcançar,
sim, talvez isto,
sobre correr e não ter de olhar pra trás,
sim, também sobre isto, e não ter que olhar pra baixo e dane-se se eu derrapar,
sim, também sobre isto,
e nem olhar pra frente porque não me interessa chegar,
sim, também sobre isto,
muito menos ter de explicar,
isto,
sobre dançar e dançar, nada pra acompanhar e uma porra de um pé pra pisar,
sim, também sobre isto,
e talvez sobre amar e amar e amar,
e não sofrer com isto,
sim, talvez também sobre isto,
e não ter que falar porque não há nada pra se falar,
sim, isto,
e também gostar por gostar,
gozar por gozar,
olhar por olhar,
também sobre isto,
e talvez evitar sangrar,
também sobre isto,
e não preferir,
talvez isto,
se rasgar só por ser,
isto,
sem eiras nem beiras, nem motivo aparente,
também gosto disto,
nem ter que explicar,
porque a TV tá ligada e eu no chuveiro,
sim, isto,
o porque da paixão do espelho,
também isto,
ou o vício,
também gosto disto,
é que me faz ter certeza,
sim, sim, isto!
que vou deitar de pernas abertas,
sim, sim, isto!
usar dois travesseiros,
isto!
e rolar pro lado que eu quero,
numa cama king size,
desarrumada desde sempre,
e acordar na madrugada,
pra comer meu chocolate,
escrever sobre tudo isto,
e deitar na cama,
descabelado de novo,
e não querer ter direito à conchinha!
ai que preguiça de tudo isto....

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Sobre a necessidade de sentar e olhar,
com os olhos invertidos pra dentro,
falou-me `a pouco um poeta.
Da pele que veste,
este conjunto das dinamicas diferentes,
que pulsam.
De como o ruido do silencio da’ medo,
e da impossibilidade da paz absoluta,
paz esta nao bem-vinda,
pois tenho medo da morte.
Falou de cuspir tudo que temos, falar, falar, e falar a vida inteira,
ate’ que tudo de dentro se confunda com o de fora,
amalgama de mim e de tudo,
numa morte ou integracao,
em unissono.
Dos amigos que nao ligam e da passagem do tempo,
falou da solidao e da solitude,
de como todas as doencas sao minhas, as mortes sao minhas,
todos os medos meus,
e como e’ impossivel escapar,
de como e’ inutil gritar,
e por gracas a Deus nao ser rei,
poder dancar,
tomar chuva e se molhar,
agora,
dane-se ontem e amanha.
Das pontes,
e seus dois lados que nao se encontram,
dos nossos movimentos descordenados,
dos olhos que veem e a perna que vai,
e os tentaculos que agarram tudo e todos,
na tentativa de trazer pra dentro,
e poder continuar a olhar, so’ que tambem pra fora,
e nunca deixar de sentir.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Sobre uma grande amiga



Já falei que é jambo, teima que não,
traços  lá do Médio que tem, mulher do harém, só que sem dono,
furacão em alta velocidade,
em passos que à mil por hora às vezes tropeçam pra abraçar o mundo,
entre um quarto de hospital e outro,
com força na mão que me é sempre estendida,
vem com o pacote do ombro amigo!
peça chave da minha engrenagem,
nos agoras tão turvos,
e pela qual não desabo,
apesar de seus pés calejados e agora quebrados,
em exemplos de entrega,
é outra que quer me viciar em Nutela!
de seus dotes de mestre já me servi,
conserta meu corpo e minha mente,
entre seus vários blablablás,
me faz enxergar que a metade está cheia;
alma feminina,
às vezes levada pelo canto do Davi já conhecido,
chora,
lágrimas sentidas,
na sabedoria que sabe ter que deixar ir,
na inocência 
de não conseguir enxergar,
que vale muito mais,
personal amiga!
e que como eu,
que na dança da vida,
pertence ao mundo,
e acho que ele agradece...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Sobre um grande amigo



Por causa da Coca, talvez,
ainda não sei,
chega ele todo sorriso, sempre,
entre um electro e outro,
com força suficiente pra sustentar, turbinado,
ou pra interagir,
de puxar os meus pés inchados de gás helio, que teimam voar,
de volta pra terra dançar,
entre uma birita e outra, mas pelo caminho anti-doping,
cheio de curvas,
pelas quais seres amados às vezes se perdem, às vezes sofrem,
amenizadas pelo seu bom humor,
mesmo quando algo de podre existe no reino da Dinamarca,
tendo o poder de adoçar, com seus doces finos ou equilíbrio sagaz,
não sei se pra me engordar, acho que quer me gongar!
e no fundo me acalma, meu lado direito quase que volta,
me leva pra casa e lá comigo fica,
presença reconfortante de amigo,
juntos, tenho certeza que vamos voar,
New York ou sei lá,
irmaos na força,
no perrengue,
na balada,
a causa não sei,
mas pra garantir,
vou continuar tomando minha Coca-Cola Zero...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Sinteticos pensamentos estes,
humanos e nao humanos, conexoes faceis e rapidas, efemeras,
de um corpo semi-cibernetico aditivado,
sentimentos alucinados, quimicos,
substancias comprimidas em pequenos circulos construindo a realidade,
de sensacoes adulteradas de prazer, medo, ansiedade e gozo,
se transformando em arvores verdes calmas aos ventos e rostos amigos,
em paisagens coloridas sem gravidade,
sorrisos fraternos,
que numa explosao de “inas” se fazem em nossos dias,
endorfinas, insulinas, dopaminas, serotoninas,
e talvez em toda nossa vida,
nem sei se tudo que vejo e’real ou reflexo de tudo que se mistura, dentro e fora de mim,
se gosto de mim, se gosto de alguem,
de tudo que como, bebo, respiro, agarro, engulo, fagocito,
contemporaneos sinteticos e seus cheiros de corpo, nus e suados, feronomios fabricados da mistura toda, lancados ao ar numa pista de danca pouco iluminada, e minha pele se arrepia,
num calafrio que sobe ate a nuca,
nessa osmose que o mundo faz de mim ou vice-versa,
tudo explicado na tabela periodica,
que num mistico processo alquimico transforma a carne em algum tipo de energia que se transforma em pulsacao, e eu sou tudo isto, acho que um feixe de luz ou a ausencia dela,
contido parcialmente dentro de uma fina camada de pele.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Most of me is rushing for life, dancing with myself,
inner existence real to me, struggling to shine, the best to be,
a light in the big ballroom,
in a rainning October afternoon,
delighting the weakness of a drawn body,
less blood in my veins, and something else runs and makes me float,
yes I am able to dream, though I like my feet,
holding the center of this crazy spiral countdown that sometimes makes me dizzy,
wanting all books, all movies, all clubs, all parties, all bodies,
trembling chaos,
anxious to sense it,
trying not to explode.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Tem algo em mim,
que tentou tomar conta de meu corpo, e de certa forma conseguiu,
amortecendo meus membros, invadiu minha caixa craniana e expandiu,
a tal ponto que minha fala nao mais saiu, língua enrolada, pedido de socorro que não vem, telefone entre os dedos mortos do coração quase parado, no desespero que deve ser o que se sente antes da morte, total, nao só dos membros todos.
Com meu rosto corado e normal, vivo com este ser dentro de mim sem que ninguem veja ou dê importância, meu organismo num caos total, limitando meu andar, passo-a-passo mais devagar que minha vontade de dançar, em socos de dentro pra fora pra me fazer lembrar a cada instante de que há algo lá dentro, e meu limite está demarcado.
Minhas pernas andam sozinhas, não as sinto mais, parecem leves quase inexistentes, etéreas, e pareço levitar. Respiro fundo e olho pra cima, coluna ereta afim de que todos os impulsos circulem livremente, penso que vou cair, e daí a certeza de que quando se cai se cai sozinho e ponto, numa espiral que parece com tudo menos o útero, nao há reconforto no momento da queda.
E, como que para somente assustar, começo a retomar o controle do meu corpo semi-tomado, parte ainda dormente, latente, sinto um pulsar que ainda nao é o meu, demarcando território do meu corpo. Nada mais é igual, nem meus livros, nem meus filmes, nem ninguém. Como se meu olho ou parte que o controla ou julga o que vi, no meio do caminho, tivesse mudado, iminente o medo da tomada total, do desligamento total.
E se não estiver mais aqui amanhã, ou tivesse deixado de estar há tres semanas atrás, como seria agora, hoje? Onde estaria eu e o que me tomou?

sexta-feira, 19 de setembro de 2008




...ontem, caminhando, cheguei ao topo novamente, e
entre um fôlego retomado olhei para aquele imenso aglomerado de lajes e gente,
saudável e doente, seus salvadores brancos acelerados e divinos,
e imaginei que agora sim tudo acabou, posso de novo puxar o ar para dentro de uma tomada só e não em ritmo curto, pois quem estava dormindo acordou, se segurou,
e as efêmeras conexões afrouxaram, assim ficaram ou se apagaram,
e meu coração bate novamente, entre uma arritmia e outra, amenizado pelo cheirinho gostoso de quando estou do teu lado...

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Saiu com a mochila nas costas e sacolas nas mãos, de plástico, de algum mercadinho perto de casa, levando o resto das quinquilharias restantes de dentro do apartamento, que apesar de meu, não reconhecia mais, agora com paredes nuas e brancas, ainda com as marcas dos quadros que ficaram por quase quatro anos e agora só deixaram contornos . Pintados por ele, aliás. Eu realmente não entendi o sorriso. Olhando pra porta achei que viraria do avesso.
Lá embaixo do prédio, o amigo maconheiro esperando, porta-malas aberto e várias partes do então lar-doce-lar, amontoadas umas por cima das outras.
Posso dizer que a partir daí que tudo de novo começou. Vida nova.
Na verdade eu superestimei o momento da partida, que nada mais foi que um mísero instante de enjôo e choro compulsivo que não durou mais do que alguns instantes. Mesmo. O resto posso dizer que foi pura sugestão da minha parte escutando as músicas que não devia, na hora em que não devia. Dramalhão mexicano. Dai notei que este era a ponta de um grande rabo de camundongo que começava lá atrás. Onde um rabo começa ninguém gosta muito de explorar...
Cada pessoa sabe o peso do seu próprio dramalhao mexicano, então posso afirmar que o meu foi bem pesado, sendo ele real ou não. Várias noites em claro, chorando, olhando pras paredes sem quadros, sentindo o cheiro que parecia impregnado. Realmente somos bichos, cheirando os rabos uns dos outros e nos guiando cegos conforme o rebola rebola do outro.
Dizem que nás homens somos caçadores. Acredito totalmente na afirmacao. E’ nossa condição primária. Fatalmente vai aparecer outro macho alpha lá’ na frente e você vai levar um pé na bunda. Talvez ele tenha um cheiro mais forte...
=)

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Ando na rua conhecida todo dia, escutando o som conhecido que nao muda e eu gosto,
apesar de algo parecer estranho e meus passos seguirem o mesmo compasso e eu olhar algo no mesmo chao no mesmo ritmo acelerado, nao e’ normal, eu sei, mas clico o play e procuro sempre a mesma faixa e de repente parece ontem de novo, hoje de novo, ansio por hoje a noite, de novo. Apesar de novo nao ter nada, mas com o que era antes tambem nao, porque eu sou outro porem no mesmo ritmo. Alias outros, comeco a ladeira como eu mesmo, sou maquina ate’ o meio e Bundchen quando chego, afinal ego tambem tenho, e e’ bom brincar um pouco. Quero o de novo, de novo, e de novo. Adoro circulos viciosos e confortaveis, renovar todo dia me cansa. Quero e’ manter tudo como esta, inclusive o corpo, alias melhorar se possivel. Minha cabeca quero a mesma de agora e daqui para a frente, nada antes disto.
A pouco enquanto me divertia entrei numa bolha, nao sei quem arrancou meus bracos e pernas, levei um soco na cara e droga na veia, tremi inteiro e sai de compasso. Tentaram me tirar do tal circulo e por um tempo conseguiram, me ralaram no chao. Fiquei desconsertado e meus sons conhecidos sumiram, meu foco mudou e ficou embacado. De repente uma pele de freira nasceu sobre a minha enquanto meus bracos cresciam e tentava abracar todo o mundo, que ja’ era grande demais na casa grande pra onde me levaram, universo a parte , de paredes amarelas envelhecidas e quartos de quatro distribuidos em tres andares, em meio a arvores ressecadas pelo inverno, onde eu servia de escudo por entre largados e abandonados e pequenos montros que insistiam em atacar. No tic-tac do relogio cada segundo era uma hora e o perigo deste pequeno fato se tornar um pequeno circulo vicioso dentro do intervalo de meu circulo maior me aterrorizava, afinal os dias passavam e iguais. Ate que por obra do proprio tempo o que havia sido arruinado se restabeleceu, a pele viva revigorou e a maquina humana voltou a funcionar impulsionada pela pequena chama da vontade protegida tambem por mim, e num dia de sol fui libertado da bolha e senti o calor do sol na minha cara de novo.
Agora ainda me sinto meio protetor, de um incendio inteiro dentro de mim, e do outro, de volta em meu apartamento que fica no centro, da minha vida e da cidade, e tudo me parece muito fragil porem intenso. O passado sempre da’ as caras a todo instante, a vida e’ louca, e ele tedioso. Ando na rua novamente, procuro pisar no mesmo caminho, nas mesmas pegadas e rachaduras das calcadas, seguir meu proprio caminho anterior olhando pro chao pra garantir nao pisar nas pedras e pro topo dos predios do skyline tambem. Apertei o play de novo. Quero tudo como era antes da bolha.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Tentei escrever sobre bichos, florzinhas e de fadas cor-de-rosa,
e nao que eu ache que eles nao existam, so pelo fato de mim nao sairem,
mas nao consegui, e nao que nao sejam interessantes, pois acho ate estranhos, dai curiosos, mas prefiro escrever sobre minhas visceras,
do baco, dos rins, meu figado e meu coracao,
massa encefalica,
de quando uma mao entra pelo meu umbigo e ora massageia, ora aperta,
do sopro gelado do frio na barriga, das minhas coceiras, e de quando comeco a verter, agua, choro, mijo e suor,
de como tudo isso se combina.
Na verdade este meu interesse despertou depois de alguns socos no estomago, chutes no peito, e alguns tapas na cara, tudo muito ligado as minhas visceras como ja disse, e tambem varios arranhoes e coisas de raspao, porque sabemos que e’ orgao tambem a pele, alias o maior deles.
Uma amiga uma vez disse ter do’ de comer bichinhos, prefere ser vegetariana, pois se o sangue que corre e’ quente eles sofrem como ela, apesar das plantas nao sangrarem e ter gente que com elas conversa, e juram que elas respondem. Entao devem sentir tambem. Dado este fato eu ate deveria gostar de falar das fadas e flores, mas no momento nao quero.
Na verdade nem e’ questao de preferencia, mas quero expurgar certas coisas de dentro de mim, e que elas sim se transformem em flores quando sairem, porque de mim saem ainda brutas e nao transformadas, pois este trabalho e’ arduo e talvez so’ em contato com o ar real e livre e’ que possam se tornar livres e mutaveis. Sera’ que tudo dentro de mim e’assim? Por mais que me esforce elas fingem que mudam mas nao o fazem?

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Golpe Baixo

O golpe veio de baixo esmagador,
Como se no meio de um campo eu corresse seguro, vento no rosto e sol morno, passos largos e seguros na grama que depois se torna o nada, e em vez de cair de cara e assimilar o baque,
me joga no nada sem gravidade e nem forte que me proteja,
num processo lento e suave ante a iminência da perda,
arrancando minhas unhas uma a uma em tortura a quem nada sabe,
morte certa,
até mesmo pela mudança inevitável, vida que não será’ mais a mesma,
porque não pode mais.
E na queda que não é queda por não ter lados definidos,
foco meu olhar na direção mais imediata logo a minha frente,
que ali está tão certa e real, mas dura um milésimo de um segundo,
e logo estou de cabeça pra baixo e aquilo já é o invertido.
De olhos fechados vejo os teus também fechados,
minha atenção na sua respiração e sigo seu compasso,
pra meu ar te dar forcas.
De olhos fechados e pés seguros parei na sua frente bem perto,
e uma voz feminina manda te chamar apesar das coisas que correm em tuas veias,
junto com o teu sangue pra te manter distante, em tom de galanteio;
quando inesperadamente você abre seus olhos, e me entrega um sorriso,
aconchego reconhecido, meu e teu,
e eu choro e rio de alegria-tristeza-ansiedade-incerteza.
Conto historias passadas e do tempo lá fora,
das crianças que correm e do meu dia azedo,
do cachorro que morde e das nossas viagens,
do bebê que nasce e das pessoas que morrem;
os planos futuros e nossa viagem pra China!
E eu que me achava o senhor da minha vida,
num piscar de olhos sou todo teu novamente, como na verdade sempre fui,
com ou sem a ação da tua força ou consciência, pois é meu estado primeiro,
anterior, sem escolha.
Agora minha dança exuberante e insinuante não é mais a mesma, meu canto de sereia é questão da sua sobrevivência, ludibrio pra te manter aqui, perto e quente,
pela manhã que é sua, pela tarde sua, pela noite que é sua, nos meus sonhos que são seus...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Numa casa vazia eu te procuro porque vejo os comodos iluminados pela luz de sol que e’ voce,
mas o tempo se dobra no meio da sala, o rosto desconhecido sai do quarto logo em frente, e eu lembro da ultima festa ... voce ainda sorrindo,
eu me assusto com o rosto em dor que vem depois da dobra,
queria ser voce por um segundo, dividir a dor, carregar metade de tudo,
e que tudo ficasse mais suave, pra saber se voce pensa, agora, nao antes, nao quero antes, quero o antes agora.
Levantei agora louco pra te ligar, nem lembrei que la' onde eu espero voce nao esta'.
Entao fecho os meus olhos e tento te sentir e te alcancar, onde quer que voce esteja. Sei onde esta’ o teu corpo, chego perto e tenho medo de tocar, nao sei o quanto doi ou se te trago pra uma realidade que voce nao suporta; talvez seja melhor o teu sonho...
dai falo palavras suaves em teu ouvido pra nao te acordar, pra elas se misturarem na tua nova realidade e eu fazer parte dela, mesmo que eu nao esteja la' e o som da minha voz se torne algo mais, mesmo que nao lembre de mim quando acordar...

segunda-feira, 19 de maio de 2008

…to roendo as unhas, afiando os dentes, chegando perto da carne dos dedos, vermelha,
pra esta noite entre livros, o jazz e o blues, observar
quem de longe vem, pra me encontrar, na sintonia fina,
unidos mente em mente pelas maos de genios russos e sons de Nina,
vindos atraves dos tempos pelas varias vidas, das dores de Werther
e dos risos de Allen, na ansiedade da incerteza e a conviccao de um novo elo,
nem que sejam somente palavras trocadas entre o cheiro do café …

sexta-feira, 16 de maio de 2008

eu no espelho

...no reflexo do espelho um rosto,
rosto meu-dele, olhos nos olhos,
um, dois, mil minutos, a pele branca minha-dele,
mexo a boca minha-dele, pareço e identifico e desconheço
pego uma foto minha-dele e me vejo eu nele, meu cabelo-dele,
tento comparar ao reflexo e achar algum caminho, respostas,
dou um sorriso e ele também,
desvio o olhar e olho as mãos minhas-dele, mexo meus dedos dele,
as rachaduras me parecem familiares, os calos meus são dele,
daí como artista faço caras e bocas minhas-dele, estrepulias e acrobacias minhas-dele, corpo desnudo meu-dele e eu quero sentir só em mim,
afundo a minha cara no espelho, o olhar de mau meu-dele e tento me achar ali, mas ele-eu sempre ali,
me belisco ele, choro eu com ele, aperto cada vez mais pra tentar me conhecer, dor só minha e não dele
falo e minha voz sai dele ...chego mais perto e olho espantado, porque se me gravo é ele, se me mexo é ele, se sorrio sou ele!
eu sou ele...

quinta-feira, 15 de maio de 2008

...mãe...


Na distância percorrida, o calor do útero distante da tempestade,
ligado por finos cordões que saem do peito ao peito, efêmera ligação,
resistente ao vento que sopra e ao fogo que queima
Eterna osmose cor-de-rosa, e a vontade do choro,
acalentado pelo leite que sustenta, e as vozes do tempo curto,
onde a infância se funde com o agora e me vejo nú de novo,
e nada foi e nem será, quando a boca que sente o peito fere a alma,
mantem-se aberta e calada, tentando dizer o que não se pronuncia
mas se expressa pelos olhos, mãe e filho,
na epopéia, de mares e ventos, desertos vermelhos e cavalos velozes,
dentre as vozes que aliciam e as músicas que encantam,
rodopio ativamente e tudo vejo ao mesmo tempo,
pertenço à tudo e à nada.
e quando me perco , peito aberto sem proteção,
rastejo instintivamente, bicho filhote, e me acalento com seu cheiro complacente,
cheiro de mãe, o sorriso de minha infância e minha vida,
e me aconchego em seu colo, olhando pra cima e esperando o toque suave de um beijo doce de boa noite.

terça-feira, 13 de maio de 2008

eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro eu corro

quarta-feira, 7 de maio de 2008


...dentro da area escura, sem lados nem fins, eterna pra todos os lados, destaca-se o bolo cor-de-rosa, enfeitado com arranjos brancos feitos de açúcar e pequenos cristais, pequenas rosas de marzipan e bonecos de todas as cores espetados na massa coberta de neve, estado de eterna harmonia, sustentado pela sutil relação entre os dois. estáticas, todas as bocas riem e todas as mãos acenam, os olhos estatelados e opacos, limitados ao contorno mais externo do bolo, sem enxergar o escuro, porem evitando-se o menor movimento, pressentindo sua presença, observando de rabo de olho, evitando-se assim que se quebre algo que nao se conhece, que sustenta o bolo no centro de tudo, evitando que seja sugado, despedaçado ou simplesmente deixe de existir. acendem-se as velas. um a um, todos os componentes da cena vao sendo iluminados pela luz amarela, acolhedora, agora o centro das atencoes, o que torna tudo mais atraente. a luz irradia e tenta penetrar o escuro mas dilue-se, no entanto possibilita vislumbrar algo maior que esta la', em movimento, junto`a penumbra. existe algo la' fora! paira no ar antes estatico algo maior, uma nova possibilidade, certa agitacao, e as cores se misturam, os cristais brilham mais. a luz das velas agora reflete nos olhares e algo parece ter mudado em seus rostos, pode-se ate' arriscar ter algo vivo ali, bonecos que agora podem ver alem da borda do bolo, mesmo que seja somente por um instante, ate que se sinta o vento que vem do escuro, morno, derradeiro, e que pouco a pouco as velas se apaguem, e a luz incandecente va' se extinguindo, em pavio vermelho, delineando os vultos que outrora se iluminaram...

segunda-feira, 5 de maio de 2008




...from underneath white walls came the colors once covered by me,
green and yellow and purple colors of my memories, past lives within this life,
burdens under my skin that struggle and urge to rebirth,
through the graceful hidden smile and the burnt soul, flame,
warmed and smoothed human skin overwhelming my thoughts,
and a whispered voice reaching deep inside of me,
pacing the neverending explosion which is about to be,
then I freeze...stare. walls structures were and will still be, turn my head back and I see,
enlightened, paintings in my wall, now that light is back again...

quinta-feira, 1 de maio de 2008

à tarde em casa

hoje não liguei pra ninguém,
não lembrei de ninguém,
sismei com meus quadros,
levantei, comi e dormi,
olhei para fora, vi as pessoas por cima,
mas não liguei pra ninguém
minha janela é grande,
me permite ver longe, o céu inclusive,
mas me limitei a ver as pessoas na rua, por cima
evito contato, olhar me parece seguro,
tenho falta de ar, talvez por excessos
gosto da minha sala grande, paredes brancas, pé direito alto,
minha árvore que parece ter movimento
fico bem no meio e o vazio me parece tudo
vazio por opção, não por falta, por limpeza e não pela falta.
minimalista;
e mais um copo na cozinha, mais um prato na cozinha, mais de tudo na cozinha
tomo um banho quente, água quente na nuca, em pé na minha banheira que é retrô
e quando sento no sofá, quieto, tudo preencho. e de repente tudo é uma extensão de mim, a sala é uma extensão de mim, o corredor extensão de mim, o quarto extensão de mim, a cozinha é uma extensão de mim,
e aí já posso assistir meu filme...

...os olhos,
que tudo vêem,
porta da alma e seu brilho reluzente,
fixos, resgatam a outra alma que no outro corpo encontrasse encarcerada,
'a espera da luz que te traz de volta 'a vida,
em meio ao caos perfeito de nossas vidas,
barulho vivo e pungente, pulsante,
e palavras se tornam ineficientes,
no meio do barulho ensurdecedor,
e os olhos se encontram, e o silêncio se faz,
e tudo vira música...

segunda-feira, 28 de abril de 2008

...calor


...surgiu do nada, do pó, levantou-se e olhou ao redor. olhava seus pés nus, dedos brutos, sujos e inchados, terra vermelha por entre eles. chão rachado, passo a passo seguia o caminho que a terra havia lhe traçado através da terra seca. olhava pra baixo contemplando seus próprios passos, ritmados, movimentos espontâneos, e riu....de onde veio não sabia, era apenas agora, mas sentia que tinha que seguir em frente. mexia suas mão com gosto, levantou a cabeça e seus olhos ofuscados pela luz fecharam-se e sentiu apenas o calor, morno, aconchegante, os raios de sol batendo em sua pele, seu corpo iluminado arrepiado de excitação e gritou, de vontade de gritar e nada mais...e no ar quente deixou-se envolver e sentiu seus pés pouco 'a pouco se desprenderem do chão, seu corpo todo envolvido na brisa e elevando-se mais, e seguia...viu 'a frente a terra que não tinha fim, banhada pelos raios vermelhos que também o levavam, e vôou...



...do solo rachado levantaram-se gigantes de pedra, refletidos uns nos outros, desiguais, amontoados , e viu vários de si, refletidos nos gigantes, e sentiu mãos que o puxavam pra baixo pelo seu sexo, entre as luzes ofuscantes e coloridas e olhos perdidos entre elas, quando sentiu o baque doído, seco, gelado, entre flores e cores e ferro, e escutou pela primeira vez. e caminhou por entre seus semelhantes, sentiu fome, frio, chorou e doeu....criou-se uma segunda pele, mais grossa. barulho intenso, escutou pela primeira vez. sentiu a falta de algo... andou e andou e andou, 'a procura do começo de tudo, 'a sua frente a rua escura. fechou os olhos mais uma vez, e não flutuou, mas seguiu com a força de suas próprias pernas e com o ritmo dos seus próprios pés. cheiro de água...



entrou pela porta e seguiu em frente, guiado pela luz da lâmpada vermelha e pelo silêncio que vinha do fundo. olhou nos seus olhos, sentou-se ao seu lado, sentiu a sua pele, e lentamente posou a cabeça em seu ombro, fechou os olhos, e sentiu seu calor novamente....

domingo, 27 de abril de 2008

frustração

...este gosto amargo, que sem pedir desce sorrateiramente goela abaixo, anulando qualquer doçura que se possa encontrar pelo caminho... gosto das frustrações, dos desejos não correspondidos, ou dos que foram morbidamente refutados...e eu tento fazer a cara daquele que gostou, engulo e ele vai me machucando, me cortando por dentro, e o sorriso estampado no rosto, embriagado, marionete sem fios, controlada por algo que vem de dentro e é cuspido sem o menor pudor...o resto de mim, ou tudo o que é de mim...
...dizia não estar "aberto", medo do que pudesse vir e estraçalhar caminho adentro, invasão do meu corpo que eu ansiosamente espero porém nego, e daí percebo que o gosto do que se espera, mas não vem, é pior do que sua entrada forçada e arteira...
...um toque, olhos nos olhos, verdade. e na grande arena, onde todos os touros se cortejam, com suas grandes patas, corpos musculosos e tesos e suas demontrações de força, é que se vive a mais completa efemeridade...
...e como se fosse só meu corpo, ou minha pele, meus músculos e minhas minhas entranhas, sou roído, mastigado, moído e cuspido...

quarta-feira, 23 de abril de 2008

infância



...cheiro de pão, criança brincando, cabelo encaracolado loiro, anjinho, o cachorro correndo no quintal...cuidado com o varal pra avó não brigar, as roupas limpas e quase secas, lavadas no tanque e com cheiro de lavanda...o berro da mãe na hora do almoço, o uniforme da escola manchado, os pássaros de meu avô presos nas gaiolas, e a filha da vizinha 'a observar, quieta, submissa...cheiro de bolinho-de-chuva, de pão de queijo de forma, a escola ladeira acima, acordar seis horas da manhã...


a saia florida da tia maria, o rodo largado, a chuva que bate nas telhas e a tv ligada, montado no cachorro eu atravesso o quintal, meu irmão com suas manias de gênio e seus alarmes-robôs e armadilhas contra ladrões, as ferramentas de meu avô...
amanhã é natal, o quintal coberto, animais mortos pendurados de cabeça pra baixo, temperados, o sangue escorrendo...tudo enfeitado, as saladas, os doces, a mesa cheia e a carne sendo assada...

o presente esperado, a roupa nova e o amigo secreto. meus tios que já morreram, gente que não morreu mas que nunca mais vi.
e tudo era, e não tinha fim....
... e nestas águas profundas eu desço , aos poucos, afundando suavemente... sinto o toque da gravidade em sua manisfestação mais sutil, suave... e desço. meus ouvidos rendidos pela pressão da água e o silêncio profundo...meus olhos que antes ficavam fechados hoje estão abertos, não ardem como um dia imaginei. tento enxergar mais longe, então, e agora começo 'a enxergar pequenos seres, além da água azul escuro que começa um pouco a clarear. poderia nadar mas não quero, quero continuar descendo lentamente, aproveitar o silêncio, sem o tic-tac das horas ou o ranger dos teclados e a luz das telas e o barulho dos carros...quero conhecer este novo reino que se abre, que sempre esteve ali, cantando, chamando...até que me desespero quando ao longe percebo a mancha negra se aproximando, gigante, carne do ser enorme que ali habita e tem garras, sua boca aberta chegando e seus olhos negros em minha direção. congelo. tudo pára. o frio na espinha se intensifica e continuo olhando em seus olhos...ele pára...e me olha , me encara...segundos se passam, olhos nos olhos fixos, um no outro, e daí vai embora. as aguas começam a clarear novamente e percebo que estou no raso, perto do sol; vejo figuras humanas além da água, ou podem ser seres quaisquer, e não tenho mais medo...

segunda-feira, 21 de abril de 2008




...fim do jogo,
sentado e com as pernas apoiadas, o trem-bala da minha mente passa por tudo de uma vez ... me lembro da música, ela começou num dia que não teve fim e eu insisto em não terminar.
Acho que o tempo não existe, ou já passou... meu corpo em êxtase e eu me transformo no mundo...sou deus e um só e todas as pessoas, e rodo rodo e rodo e abraço tudo com as minhas garras sedentas, tentáculos que tudo alcançam e como um canto de sereia hipnotizam 'a tudo e a todos e os trazem 'a mim... tudo converge em mim...
de repente algo me agarra e me deixo levar...e no meio de tudo o mundo pára...estado catatônico e eu me encontro novamente, quieto e confuso....sem medo...excitado...
Largar e não me prender 'as pedras, deixar que elas me empurrem em sentido contrário e aleatório pra onde a corrente quiser me levar...não faço força contrária...e nesse redemoinho rodo rodo e rodo até o fim do expiral e aqui me encontro de novo...sentado em frente 'a tela, pernas apoiadas, e já são apenas lembranças...

sábado, 19 de abril de 2008

um encontro




...passos rápidos, tropeço nas nuvens carregadas , acelero enquanto a chuva não cai, no Sábado carregado, nublado, ritmado...acordar, acordar, acordar, e correr, correr, correr, uma semana dentro de uma bolha de um dia cheio de possibilidades...acho que vou dormir, acho que vou dançar...ainda não sei bem mas minhas mãos e minhas pernas formigam de ansiedade e eu escrevo e escrevo e escrevo e escrevo...me escalo e me supero 'a todo momento, falta de ar! ...este sábado tá com cara de chuva, o céu inteiro escuro, um mar inteiro represado 'a espera daquela gota limite que faz tudo jorrar e vir abaixo...eu paro...disco...o telefone chama e ouço a voz que parece que me reflete e o encontro está marcado... película já vista na qual insisto e insisto, não adianta negar, mas é Sábado, é Sábado(!)...

Queria poder escrever, sempre, sem parar....colocar pra fora tudo que de mim possa verter e que alguém possa trombar, numa noite suja, sem graça, de conexões virtuais e expectativas verdadeiras...e que nunca mais parasse...

Na noite é que eu me inspiro. Barulho lá fora, olho estatelado, mente sempre alerta! Me basto até o momento que deixo de me bastar e vem a falta, do que ainda não veio, do que não sei se um dia virá mas que aqui está 'a todo instante. Será que um dia realmente me basto?

Pilha de livros na mesa, copo sujo no quarto, webcam na cara e a expectativa...ai se ao menos conseguisse dormir...

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Inspiração

E que do nada aparece alguém tão especial, como arlequim no meio dos outros, e me inspira 'a tal ponto de colocar aqui o que me vem e me instiga. Encontro casual e faceiro, em meio aos seus " relógios e calendários e horas marcadas", durante a madrugada!
Aqui deixo meu agradecimento 'a meu novo grande amigo João Diel...

Dois de mim


Dois de mim, quando acordo , me vejo no espelho , e não me reconheço,
Dois de mim, olhando nos olhos, brilho estranho, vida escondida,
Dois de mim, quando me toco, corpo estranho e tão próximo,
Dois de mim quando 'a noite choro, e não me reconheço,
Dois de mim no êxtase profundo, dicotomia de mim,
Dois de mim de frente ao mundo, cara e peito aberto, coragem e covardia...
São dois de mim quando rio, quando grito, quando durmo, quando dissimulo, quando morro, quando corro, quando desespero,
Dois de mim quando amo, me rastejo, me arrependo e dói tão forte,
Quando caio e quando levanto, quando beijo e sinto o cheiro...
Vários de mim...