segunda-feira, 29 de dezembro de 2008


Esta noite,
me agarrei tão forte à minha cama,
precisava muito voltar,
pra algo que não sei o que é,
talvez meu mais essencial estado primário,
onde as músicas chegavam a me alcançar,
e as histórias me eram suficientes pra divertir
e hoje não consigo,
tem algo lá atrás a ser desvendado...

domingo, 28 de dezembro de 2008

Mundo casca de ovo,
quanto mais quero ser leve,
mais o destruo,
calcifico,
tento dizer palavras sutis,
que em vez de protegê-lo
furam sua casca,
quero ser galante,
mas quebro.
Será que quanto mais o seguro,
mais danifico?

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Pelo menos vou fazer bonito =)

Quem,
afinal,
destas várias nuances,
multifacetadas em si,
que acabam e começam em mim,
que dependendo da luz,
fazem a sombra no meu rosto,
e me tornam beduíno,
ou com a falta da mesma me tornam espectro,
sou eu?
Será que me crio,
ou luto pra mudar o que está criado,
numa rebeldia intermitente,
quando raspo meu cabelo,
cresço minha barba,
entono formas diferentes,
grito,
e sussurro,
ora mouro ora Iago,
monto meu melhor outfit,
queimo meus neurônios,
solto feronômios,
me torno sexy,
olho no espelho e volto à ser feio,
porque faço caretas,
e forço minhas rugas?
Os outros,
me bastam como são,
quero os mesmos mimos
os mesmos risos,
de suas presenças de espírito me satisfaço,
mas de mim me canso fácil,
tenho que recauchutar,
refresh,
reciclar,
dar um reboot,
mas este não sou sempre eu?
Ou será que sou,
a famosa metamorfose,
ambulante, é claro,
e tudo isto que identifico como eu,
é puro bullshit,
não de maneira pejorativa,
e sim pela efemeridade,
que eu sei que sou,
pela fugacidade,
dos prazeres,
e das dores que tenho?
Não sei, e não quero saber,
na verdade,
pois como já se disse,
definir-se é limitar-se,
e eu não quero limites,
quero expansão,
de tempo e de espaço,
do meu corpo,
da minha mente,
em todos os sentidos e direções,
e de preferência num belo jeans Dolce&Gabbana...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

to Paziam

Através de meus olhos molhados,
tento o foco e mantenho contato,
em sutil conexão concentrada numa linha reta,
que se expande para os lados e toma o ambiente,
hipnotizado,
pelos olhos de vidro de um poeta da imagem,
pela luz indireta que reflete em mim e na lente,
e meus músculos soltando e contorcendo,
procurando meu melhor ângulo ou pior,
porém que me expresse,
nem que seja a tensão em me mostrar,
tensão esta que eu gosto,
e quando vejo já estou ludibriado,
sendo então recriado,
nas pinceladas do pintor da imagem,
que me faz ruivo, hard, turvo,
empostado, sexy, nulo,
donde surgem vários eus,
e eu começo a amar a expansão,
dos vários olhos que se multiplicam,
braços, e peito, e bocas que se multiplicam,
e me sinto saciado,
porém excitado pra mais,
dos oitocentos e cinquenta cliques,
intrigado com os resultados,
deliciado com uma nova sintonia de cumplicidade,
da visão da alma de um artista.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Eu tô cansado, na verdade,
desesperado,
tudo já se tem, já se fez,
criado,
mal e bem criado, do avesso também,
eu quero fazer mas alguém já fez,
melhor, pior, igual,
não que me tire o prazer de fazer,
mas cadê a originalidade,
a sensação de ter descoberto a múmia,
ou transformado lata em ouro?
Todos os beats já escutei,
com eles já rebolei, já gozei, já chorei.
O que resta?
Do azedo, amargo, e do doce já provei,
muito salgado e insosso,
que desmancha na boca ou quebra-queixo,
até comida espumante já tem,
o que resta?
Até minhas dores todo mundo têm,
se estou tonto você também,
dor no peito e de pé na bunda também.
Já fiz a linha caseiro,
baladeiro,
culto,
deprimido,
putanheiro,
punheteiro,
menos pagodeiro,
que mais que tem?
Não acredito em vida após a morte,
com este papo de vou virar energia de um todo nem vem!
Mas se assim for,
todo mundo não vai ser também?!
Porra...