quinta-feira, 1 de maio de 2008

à tarde em casa

hoje não liguei pra ninguém,
não lembrei de ninguém,
sismei com meus quadros,
levantei, comi e dormi,
olhei para fora, vi as pessoas por cima,
mas não liguei pra ninguém
minha janela é grande,
me permite ver longe, o céu inclusive,
mas me limitei a ver as pessoas na rua, por cima
evito contato, olhar me parece seguro,
tenho falta de ar, talvez por excessos
gosto da minha sala grande, paredes brancas, pé direito alto,
minha árvore que parece ter movimento
fico bem no meio e o vazio me parece tudo
vazio por opção, não por falta, por limpeza e não pela falta.
minimalista;
e mais um copo na cozinha, mais um prato na cozinha, mais de tudo na cozinha
tomo um banho quente, água quente na nuca, em pé na minha banheira que é retrô
e quando sento no sofá, quieto, tudo preencho. e de repente tudo é uma extensão de mim, a sala é uma extensão de mim, o corredor extensão de mim, o quarto extensão de mim, a cozinha é uma extensão de mim,
e aí já posso assistir meu filme...

2 comentários:

Lembamuxi disse...

toda alma é uma paisagem

Rodrigo Vieira disse...

tenho a impressão que a minha é uma paisagem interna, cheia de sangue e de vísceras