quarta-feira, 11 de março de 2009

Me encontro,
exilado de mim.
Não me pertenço.
Parte da identidade passada,
deixada.
Algum lugar,
porto seguro
que há de existir,
ao qual retornar,
um dia.
Alternativas,
meios possíveis
nos quais insistir,
drogas,
da vida cotidiana,
tentativas,
lapidando o que mais quer se tornar bruto,
esmeraldas,
já facetadas
e transparentes,
pedras de vários lados,
quando só em um
quer existir.
Há de acontecer,
de novo,
mergulhar,
nos mistérios básicos,
o novo,
de novo,
prazer,
simples,
sentar e olhar,
ler,
imaginar,
mas sem se saber,
porque quando se sabe se estraga tudo.
Quero,
hoje,
de tudo que sei
talvez me despir,
nú,
sentir o calor real,
prazer com o cheiro do bolo,
o sofá gostoso da casa da avó,
e um livro de Agatha Christie!
Talvez, um dia.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Algo,
como passar a amar a faca enfiada no peito,
já parte do corpo e que estanca o sangue
sem poder ser tirada,
algo,
que faz parte de mim,
alguém,
que traz o que assemelha-se á dor,
ou ardor,
do que então tornou-se minha vida,
ainda que seja a tensão,
da água em turbilhão,
minha sensação,
da fina pele que segura o suco e a semente,
vidro que contém água e lhe dá a forma
por mais que o redemoinho seja mais atraente,
coisas,
sem as quais não posso viver,
pequenos vícios,
da minha rotina sem graça,
meu pequeno grande amor inconstante,
que agora pensando,
não é mais a faca,
mas sim o sangue.