quarta-feira, 23 de abril de 2008

infância



...cheiro de pão, criança brincando, cabelo encaracolado loiro, anjinho, o cachorro correndo no quintal...cuidado com o varal pra avó não brigar, as roupas limpas e quase secas, lavadas no tanque e com cheiro de lavanda...o berro da mãe na hora do almoço, o uniforme da escola manchado, os pássaros de meu avô presos nas gaiolas, e a filha da vizinha 'a observar, quieta, submissa...cheiro de bolinho-de-chuva, de pão de queijo de forma, a escola ladeira acima, acordar seis horas da manhã...


a saia florida da tia maria, o rodo largado, a chuva que bate nas telhas e a tv ligada, montado no cachorro eu atravesso o quintal, meu irmão com suas manias de gênio e seus alarmes-robôs e armadilhas contra ladrões, as ferramentas de meu avô...
amanhã é natal, o quintal coberto, animais mortos pendurados de cabeça pra baixo, temperados, o sangue escorrendo...tudo enfeitado, as saladas, os doces, a mesa cheia e a carne sendo assada...

o presente esperado, a roupa nova e o amigo secreto. meus tios que já morreram, gente que não morreu mas que nunca mais vi.
e tudo era, e não tinha fim....

Um comentário:

Anônimo disse...

A infância nem sempre é tão idílica quanto aparenta... Pode ser um refúgio que a alma evita e que nem cem rios de lágrimas apagariam...