sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Sobre a necessidade de sentar e olhar,
com os olhos invertidos pra dentro,
falou-me `a pouco um poeta.
Da pele que veste,
este conjunto das dinamicas diferentes,
que pulsam.
De como o ruido do silencio da’ medo,
e da impossibilidade da paz absoluta,
paz esta nao bem-vinda,
pois tenho medo da morte.
Falou de cuspir tudo que temos, falar, falar, e falar a vida inteira,
ate’ que tudo de dentro se confunda com o de fora,
amalgama de mim e de tudo,
numa morte ou integracao,
em unissono.
Dos amigos que nao ligam e da passagem do tempo,
falou da solidao e da solitude,
de como todas as doencas sao minhas, as mortes sao minhas,
todos os medos meus,
e como e’ impossivel escapar,
de como e’ inutil gritar,
e por gracas a Deus nao ser rei,
poder dancar,
tomar chuva e se molhar,
agora,
dane-se ontem e amanha.
Das pontes,
e seus dois lados que nao se encontram,
dos nossos movimentos descordenados,
dos olhos que veem e a perna que vai,
e os tentaculos que agarram tudo e todos,
na tentativa de trazer pra dentro,
e poder continuar a olhar, so’ que tambem pra fora,
e nunca deixar de sentir.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Sobre uma grande amiga



Já falei que é jambo, teima que não,
traços  lá do Médio que tem, mulher do harém, só que sem dono,
furacão em alta velocidade,
em passos que à mil por hora às vezes tropeçam pra abraçar o mundo,
entre um quarto de hospital e outro,
com força na mão que me é sempre estendida,
vem com o pacote do ombro amigo!
peça chave da minha engrenagem,
nos agoras tão turvos,
e pela qual não desabo,
apesar de seus pés calejados e agora quebrados,
em exemplos de entrega,
é outra que quer me viciar em Nutela!
de seus dotes de mestre já me servi,
conserta meu corpo e minha mente,
entre seus vários blablablás,
me faz enxergar que a metade está cheia;
alma feminina,
às vezes levada pelo canto do Davi já conhecido,
chora,
lágrimas sentidas,
na sabedoria que sabe ter que deixar ir,
na inocência 
de não conseguir enxergar,
que vale muito mais,
personal amiga!
e que como eu,
que na dança da vida,
pertence ao mundo,
e acho que ele agradece...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Sobre um grande amigo



Por causa da Coca, talvez,
ainda não sei,
chega ele todo sorriso, sempre,
entre um electro e outro,
com força suficiente pra sustentar, turbinado,
ou pra interagir,
de puxar os meus pés inchados de gás helio, que teimam voar,
de volta pra terra dançar,
entre uma birita e outra, mas pelo caminho anti-doping,
cheio de curvas,
pelas quais seres amados às vezes se perdem, às vezes sofrem,
amenizadas pelo seu bom humor,
mesmo quando algo de podre existe no reino da Dinamarca,
tendo o poder de adoçar, com seus doces finos ou equilíbrio sagaz,
não sei se pra me engordar, acho que quer me gongar!
e no fundo me acalma, meu lado direito quase que volta,
me leva pra casa e lá comigo fica,
presença reconfortante de amigo,
juntos, tenho certeza que vamos voar,
New York ou sei lá,
irmaos na força,
no perrengue,
na balada,
a causa não sei,
mas pra garantir,
vou continuar tomando minha Coca-Cola Zero...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Sinteticos pensamentos estes,
humanos e nao humanos, conexoes faceis e rapidas, efemeras,
de um corpo semi-cibernetico aditivado,
sentimentos alucinados, quimicos,
substancias comprimidas em pequenos circulos construindo a realidade,
de sensacoes adulteradas de prazer, medo, ansiedade e gozo,
se transformando em arvores verdes calmas aos ventos e rostos amigos,
em paisagens coloridas sem gravidade,
sorrisos fraternos,
que numa explosao de “inas” se fazem em nossos dias,
endorfinas, insulinas, dopaminas, serotoninas,
e talvez em toda nossa vida,
nem sei se tudo que vejo e’real ou reflexo de tudo que se mistura, dentro e fora de mim,
se gosto de mim, se gosto de alguem,
de tudo que como, bebo, respiro, agarro, engulo, fagocito,
contemporaneos sinteticos e seus cheiros de corpo, nus e suados, feronomios fabricados da mistura toda, lancados ao ar numa pista de danca pouco iluminada, e minha pele se arrepia,
num calafrio que sobe ate a nuca,
nessa osmose que o mundo faz de mim ou vice-versa,
tudo explicado na tabela periodica,
que num mistico processo alquimico transforma a carne em algum tipo de energia que se transforma em pulsacao, e eu sou tudo isto, acho que um feixe de luz ou a ausencia dela,
contido parcialmente dentro de uma fina camada de pele.