quinta-feira, 26 de junho de 2008

Golpe Baixo

O golpe veio de baixo esmagador,
Como se no meio de um campo eu corresse seguro, vento no rosto e sol morno, passos largos e seguros na grama que depois se torna o nada, e em vez de cair de cara e assimilar o baque,
me joga no nada sem gravidade e nem forte que me proteja,
num processo lento e suave ante a iminência da perda,
arrancando minhas unhas uma a uma em tortura a quem nada sabe,
morte certa,
até mesmo pela mudança inevitável, vida que não será’ mais a mesma,
porque não pode mais.
E na queda que não é queda por não ter lados definidos,
foco meu olhar na direção mais imediata logo a minha frente,
que ali está tão certa e real, mas dura um milésimo de um segundo,
e logo estou de cabeça pra baixo e aquilo já é o invertido.
De olhos fechados vejo os teus também fechados,
minha atenção na sua respiração e sigo seu compasso,
pra meu ar te dar forcas.
De olhos fechados e pés seguros parei na sua frente bem perto,
e uma voz feminina manda te chamar apesar das coisas que correm em tuas veias,
junto com o teu sangue pra te manter distante, em tom de galanteio;
quando inesperadamente você abre seus olhos, e me entrega um sorriso,
aconchego reconhecido, meu e teu,
e eu choro e rio de alegria-tristeza-ansiedade-incerteza.
Conto historias passadas e do tempo lá fora,
das crianças que correm e do meu dia azedo,
do cachorro que morde e das nossas viagens,
do bebê que nasce e das pessoas que morrem;
os planos futuros e nossa viagem pra China!
E eu que me achava o senhor da minha vida,
num piscar de olhos sou todo teu novamente, como na verdade sempre fui,
com ou sem a ação da tua força ou consciência, pois é meu estado primeiro,
anterior, sem escolha.
Agora minha dança exuberante e insinuante não é mais a mesma, meu canto de sereia é questão da sua sobrevivência, ludibrio pra te manter aqui, perto e quente,
pela manhã que é sua, pela tarde sua, pela noite que é sua, nos meus sonhos que são seus...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Numa casa vazia eu te procuro porque vejo os comodos iluminados pela luz de sol que e’ voce,
mas o tempo se dobra no meio da sala, o rosto desconhecido sai do quarto logo em frente, e eu lembro da ultima festa ... voce ainda sorrindo,
eu me assusto com o rosto em dor que vem depois da dobra,
queria ser voce por um segundo, dividir a dor, carregar metade de tudo,
e que tudo ficasse mais suave, pra saber se voce pensa, agora, nao antes, nao quero antes, quero o antes agora.
Levantei agora louco pra te ligar, nem lembrei que la' onde eu espero voce nao esta'.
Entao fecho os meus olhos e tento te sentir e te alcancar, onde quer que voce esteja. Sei onde esta’ o teu corpo, chego perto e tenho medo de tocar, nao sei o quanto doi ou se te trago pra uma realidade que voce nao suporta; talvez seja melhor o teu sonho...
dai falo palavras suaves em teu ouvido pra nao te acordar, pra elas se misturarem na tua nova realidade e eu fazer parte dela, mesmo que eu nao esteja la' e o som da minha voz se torne algo mais, mesmo que nao lembre de mim quando acordar...