sexta-feira, 20 de novembro de 2009

o que fazer
quando por todos os lados
algo te espreita
um escuro
á espera
uma mordida forte
o suficiente pra nao sarar
me arrancar um pedaço ou
talvez tudo
quando nao ha’ mais como voltar
porque lá tambem há algo que espreita
atrás
e não que esteja escuro
há clareza o suficiente pra se indentificar
o tamanho da mandíbula
e calcular o tamanho do estrago
eu escuto suas vozes suaves
por trás de um mar de ameaças
mas parecem no momento
inatingíveis...

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Antes
não achava que poderia
que as duas coisas
sentiria
mas algo mudou
a força pontiaguda de antes continua
contínua
abrandada por algo novo
calma que explode
fogo novo
que não queima mas arde
apesar de minhas entranhas aconchegadas
tentarem furar de dentro pra fora
e mostrarem suas pontas geladas,
é a força da repetição
sendo traída por ela mesma
que antes me puxava pra cima
e empurrava pra baixo
que agora
sendo reconhecida por ela mesma
já não me deixa cair
e se caio
é em águas mornas
onde me deixo boiar...

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

voam
finas partículas vermelhas
queimadas com o tempo
á luz do sol
ao longo do caminho seco
que outrora não me pertenceu
olho pra meus pés descalços
já calejados
envoltos em areia quente
ás vezes em poça
ou água corrente
me deito
cabeça ao chão
olhar rente ao horizonte
sou um homem alvejado
sou criança brincante
e todos o que lá pisaram
suas pegadas apagadas
um caminho que insiste em existir
e nunca encontra um fim

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

não é por sentido
ou qual graça teria
só caminhar
sem ter de equilibrar
os bichos e enfeites de vidro
jogados nas mãos
só andar pra frente
sem o gingado
jogando pros lados
e manter tudo depois do tropeço
não quero chegar
pra ter de aplaudir
quero é andar








segunda-feira, 3 de agosto de 2009



um choro sentido
e como luz fluorescente
ilumina minha mente!
Começo á entender,
o burburinho
das várias bocas
sem olhos e nem sentido,
e que sujam!
não há vida
nas palavras desconexas
desta língua inexistente
e onipresente,
ritmada,
é o alfabeto da máquina,
do dois mais dois que são quatro,
da camisa apertada
sendo puxada pra baixo á força
tentando moldar o corpo
que quer se mexer
alongar
expandir
contrair!
das palavras duras e mortas,
e das maquiadas, bonitas,
mas organizadas,
o anti devir,
de tudo aquilo que não
suporta a própria loucura





quarta-feira, 17 de junho de 2009

Acham que vão atar meus pés e mãos
Não vão
Não me seguro á mim, quero minhas extensões
Pretensões
de alcançar muito além
Não nasci para mim
Gosto dos meus membros-máquinas
que fazem alcançar o outro
minhas máquinas de ouvir e falar e olhar
escrever
postar além de mim
pra que eu possa me definir pelo que está fora, agora
e ainda assim não ser eu, completo
posto que estaria morto
absoluto
Minhas mãos correntes vão é embaralhar tudo

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Sou mentira
virtual
uma teoria
não colocada em prática
tela em branco
sem conflito
ou falta de cor
tentativa
vão, em vão
mera imagem
da memória
ou criação
sem definição
me falta voz
sala branca vazia
que eu mesmo abandono
uníssono
de um tom só
algo que não causa gozo
e nem dor
ausente
o silêncio
que vem depois de tudo que acaba
e não há porque se explicar

segunda-feira, 25 de maio de 2009

sutil, me rasga o peito
o que é leve é o que calmamente me abusa
o silêncio com um dedo pontudo entre as falas
o sorriso afiado corta meu rosto
o que é opressor é quieto
com seus largos quadris me joga pra fora
não consigo diálogo pois minha mandíbula trava, tensa
fico surpreso com minha insensatez
em não perceber que uma massa escura estagnada e ritmada
passa e me envolve
sim ela envolve
pegajosa
e é com olhos doces
e sua constante melodia
que vai me amarrando
sufocando
estancando meu sangue que ela não quer que corra
já me encontro marcado
se ela me deixa
já não sei o que fazer com o ar que entra
basta olhar meus pulsos
com a pele marcada
pra provar que ela existe
basta que se puxe um fio do tecido finamente trançado

domingo, 24 de maio de 2009

dentro vira cacto gigante
pequenas pontadas
um gancho
me pega pela nuca
levanta meus pés deseperados por chão
massa mal digerida que provoca lágrima
e uma pressão na boca contida
algo segurou minha cabeça contra a parede
e me olhou nos olhos friamente
um pé inteiro na engrenagem e ela quase estoura
não há graça
na partitura rabiscada com força

domingo, 17 de maio de 2009

Sou só porque abandono
ou nada seria
deixo oco pois quero a corrente
e as várias vertentes
continuamente deixar de ser
e possibilitar
fazer andar
tornar-me lacuna
nada que esteja completo
ser o não teto
deixar as estrelas entrar
iluminar
um pedaço de papel em branco
deixar rabiscar
infinitas combinações
cores de giz de cera
um por cima do outro
não completar
e com a voracidade de um tubarão
deixar que algo falte no mar
fazer a água turbilhar
incessantemente tentar se encher novamente
e formar o próximo vácuo
soprar
infinitamente

quarta-feira, 11 de março de 2009

Me encontro,
exilado de mim.
Não me pertenço.
Parte da identidade passada,
deixada.
Algum lugar,
porto seguro
que há de existir,
ao qual retornar,
um dia.
Alternativas,
meios possíveis
nos quais insistir,
drogas,
da vida cotidiana,
tentativas,
lapidando o que mais quer se tornar bruto,
esmeraldas,
já facetadas
e transparentes,
pedras de vários lados,
quando só em um
quer existir.
Há de acontecer,
de novo,
mergulhar,
nos mistérios básicos,
o novo,
de novo,
prazer,
simples,
sentar e olhar,
ler,
imaginar,
mas sem se saber,
porque quando se sabe se estraga tudo.
Quero,
hoje,
de tudo que sei
talvez me despir,
nú,
sentir o calor real,
prazer com o cheiro do bolo,
o sofá gostoso da casa da avó,
e um livro de Agatha Christie!
Talvez, um dia.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Algo,
como passar a amar a faca enfiada no peito,
já parte do corpo e que estanca o sangue
sem poder ser tirada,
algo,
que faz parte de mim,
alguém,
que traz o que assemelha-se á dor,
ou ardor,
do que então tornou-se minha vida,
ainda que seja a tensão,
da água em turbilhão,
minha sensação,
da fina pele que segura o suco e a semente,
vidro que contém água e lhe dá a forma
por mais que o redemoinho seja mais atraente,
coisas,
sem as quais não posso viver,
pequenos vícios,
da minha rotina sem graça,
meu pequeno grande amor inconstante,
que agora pensando,
não é mais a faca,
mas sim o sangue.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Faço parte de uma casta mutante,
fluo,
pelas possibilidades apresentadas,
em lamas densas e refrescantes,
com cheiros de mato e pedra,
ora nado,
ora adormeço,
levado pelas correntes mais fortes,
efêmeras,
que somadas com minhas forças,
contrárias,
formam meus dias,
me moldando em argila,
que faço questão de desmanchar,
experimentar,
novos fluídos,
meios,
de me refazer diferente,
procurar além,
me desfazer das formas,
tê-las todas,
contradizer o óbvio,
daqueles,
que muitas vezes não podem ousar,
castas rígidas,
músculos,
de um organismo vivo,
ossos,
de uma estrutura firme,
permitindo que o sangue corra,
mutante,
nutrindo todo este corpo,
renovando cada célula participante,
desigualdade,
necessária,
em harmonia,
inevitável.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009




Faço,
dos meus dias,
testes,
ir além,
não sorrir,
porque esperam de mim,
renegar,
o mais óbvio,
pra atingir,
o cerne,
experienciar,
a tensão mais verdadeira,
do que não é correspondido,
recusar,
mãos que afagam,
palavras,
plásticas,
encarar,
olhos nos olhos,
enxergar,
a alma,
que surra,
o corpo,
corpo este,
que sufoca a alma,
segurar,
minhas mãos,
do movimento mais óbvio,
não concordar,
sair da zona de conforto,
me questionar,
até que ponto é real,
o quanto gosto,
perseguir,
o espontâneo,
renegar,
o ontém e o amanhã,
insistir,
agora,
insistir,
agora,
me expor,
abrir,
meu peito,
te forçar,
minha cara,
até a hora,
que baste,
o calor,
do meu sangue,
do pulsar,
das minhas veias,
pra que me sinta vivo,
e possa ser mais humano,
e reconhecer,
tua presença,
em sua maneira mais verdadeira.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Wanna throw away,
this things glued to the back of my eyes and brain,
stuck in my body´s inner space,
moving,
unable to deal with,
nobody can see it,
blur experience,
of my parts shutting down,
right now,
I just started
to notice,
that all could be reached,
my upmost states,
overwhelming the limits,
of my ordinary life,
for real,
for the least thrills,
so I scream,
and yes I fear,
this last night vision,
of my head bent,
and my body taken,
while kids were still playing,
on a sunny day,
around the swimming pool...