sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Tem algo em mim,
que tentou tomar conta de meu corpo, e de certa forma conseguiu,
amortecendo meus membros, invadiu minha caixa craniana e expandiu,
a tal ponto que minha fala nao mais saiu, língua enrolada, pedido de socorro que não vem, telefone entre os dedos mortos do coração quase parado, no desespero que deve ser o que se sente antes da morte, total, nao só dos membros todos.
Com meu rosto corado e normal, vivo com este ser dentro de mim sem que ninguem veja ou dê importância, meu organismo num caos total, limitando meu andar, passo-a-passo mais devagar que minha vontade de dançar, em socos de dentro pra fora pra me fazer lembrar a cada instante de que há algo lá dentro, e meu limite está demarcado.
Minhas pernas andam sozinhas, não as sinto mais, parecem leves quase inexistentes, etéreas, e pareço levitar. Respiro fundo e olho pra cima, coluna ereta afim de que todos os impulsos circulem livremente, penso que vou cair, e daí a certeza de que quando se cai se cai sozinho e ponto, numa espiral que parece com tudo menos o útero, nao há reconforto no momento da queda.
E, como que para somente assustar, começo a retomar o controle do meu corpo semi-tomado, parte ainda dormente, latente, sinto um pulsar que ainda nao é o meu, demarcando território do meu corpo. Nada mais é igual, nem meus livros, nem meus filmes, nem ninguém. Como se meu olho ou parte que o controla ou julga o que vi, no meio do caminho, tivesse mudado, iminente o medo da tomada total, do desligamento total.
E se não estiver mais aqui amanhã, ou tivesse deixado de estar há tres semanas atrás, como seria agora, hoje? Onde estaria eu e o que me tomou?

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